Em clausura da.
Sem nenhuma pretensão de ser capaz de explicar. Qualquer coisa. Coisa nenhuma.
Quando o vento bate em plantas banhadas de fumo, o cheiro não é bom. Não é um cheiro acre, que este é belo de escrever mas nunca o senti. E a chuva em São Paulo fede. Carrega metano, e traz consigo um cheiro ruim de coisas deixadas para trás. Não acabadas. Mas o vento...o vento é sempre bom.
Vejo daqui uma chama de vela resistindo ao vento que traz a chuva. Ela treme, e resiste. Causa um bruxulear amarelo... talvez em cada momento de resistência emanemos esse mesmo bruxulear... mas não nos damos conta, assim como a chama, pura energia materializada, sem forma, sem corpo, não sabe de seus efeitos de luz. Apenas resiste. Assim como eu, não tenho consciência nem da luz, nem do bruxulear, nem da resistência, apenas estou. E permanecerei estando até o dia em que, por alguma razão, que não se explica, a não ser como o fim de todos, destino de vida... deixarei de estar. Sem mais. Apenas assim.
A moça canta, de voz correta, afinada. O céu muito escuro, clareia quando a chuva desaba, por seu peso, do céu. E a vida segue, e as dúvidas e medos nos dão a sensação de uma suspensão no tempo, que não é real. Porque nos vemos tão importantes. Porque é triste saber que não importa o que você decida a vida segue e o tempo com ela, e todos estamos tão vidrados em nós mesmos que as decisões alheias são só decisões. Então, por que achamos que conosco é diferente?
Talvez não exista nenhum grande sistema, e a maravilha do micro que contém em sua forma o macro, seja apenas coincidência que, com mentes enlouquecidas, conectamos segundo nossos desejos. Nem haja razão pra nada, e tudo é uma sequência de atos sem propósito, soltos ao acaso, que não levarão à nada. E de nada adianta.
Talvez tudo esteja perfeitamente encadeado numa cadeia de infinitos ínfimos, genialmente interligados, que se revelam num gigantesco sistema que se autogera, onde tudo tem uma mágica importância. E de tudo adianta.
O que seria pior?
Eu poderia agora largar essa caneta e sair para a chuva. Mas não o faço. Por quê? Por que não quero? Ou porque me é impossível fazer isso, já que neste momento tenho de estar aqui e, sem compreender, simplesmente o faço. E que importância tem o que faço ou por que o faço? Isso me levaria à justificativa de que posso não fazer nada e não fará nenhuma diferença. Talvez não faça. Mas se isso for reverberando e de repente, trinta milhões de pessoas resolverem fazer o mesmo, isto é, nada fazer, é provável que faça algum estrago.
Cortei o dedo e o sangue não cessa. São gotinhas, mas são incessantes. Que diferença faz uma gota de sangue? Mas se todo o meu sangue resolver sair gota a gota pelo meu dedo? Daria para manchar um lençol.
Daí chego à conclusão de que tudo é quantidade.
E isso parece pouco nobre.
Quando o vento bate em plantas banhadas de fumo, o cheiro não é bom. Não é um cheiro acre, que este é belo de escrever mas nunca o senti. E a chuva em São Paulo fede. Carrega metano, e traz consigo um cheiro ruim de coisas deixadas para trás. Não acabadas. Mas o vento...o vento é sempre bom.
Vejo daqui uma chama de vela resistindo ao vento que traz a chuva. Ela treme, e resiste. Causa um bruxulear amarelo... talvez em cada momento de resistência emanemos esse mesmo bruxulear... mas não nos damos conta, assim como a chama, pura energia materializada, sem forma, sem corpo, não sabe de seus efeitos de luz. Apenas resiste. Assim como eu, não tenho consciência nem da luz, nem do bruxulear, nem da resistência, apenas estou. E permanecerei estando até o dia em que, por alguma razão, que não se explica, a não ser como o fim de todos, destino de vida... deixarei de estar. Sem mais. Apenas assim.
A moça canta, de voz correta, afinada. O céu muito escuro, clareia quando a chuva desaba, por seu peso, do céu. E a vida segue, e as dúvidas e medos nos dão a sensação de uma suspensão no tempo, que não é real. Porque nos vemos tão importantes. Porque é triste saber que não importa o que você decida a vida segue e o tempo com ela, e todos estamos tão vidrados em nós mesmos que as decisões alheias são só decisões. Então, por que achamos que conosco é diferente?
Talvez não exista nenhum grande sistema, e a maravilha do micro que contém em sua forma o macro, seja apenas coincidência que, com mentes enlouquecidas, conectamos segundo nossos desejos. Nem haja razão pra nada, e tudo é uma sequência de atos sem propósito, soltos ao acaso, que não levarão à nada. E de nada adianta.
Talvez tudo esteja perfeitamente encadeado numa cadeia de infinitos ínfimos, genialmente interligados, que se revelam num gigantesco sistema que se autogera, onde tudo tem uma mágica importância. E de tudo adianta.
O que seria pior?
Eu poderia agora largar essa caneta e sair para a chuva. Mas não o faço. Por quê? Por que não quero? Ou porque me é impossível fazer isso, já que neste momento tenho de estar aqui e, sem compreender, simplesmente o faço. E que importância tem o que faço ou por que o faço? Isso me levaria à justificativa de que posso não fazer nada e não fará nenhuma diferença. Talvez não faça. Mas se isso for reverberando e de repente, trinta milhões de pessoas resolverem fazer o mesmo, isto é, nada fazer, é provável que faça algum estrago.
Cortei o dedo e o sangue não cessa. São gotinhas, mas são incessantes. Que diferença faz uma gota de sangue? Mas se todo o meu sangue resolver sair gota a gota pelo meu dedo? Daria para manchar um lençol.
Daí chego à conclusão de que tudo é quantidade.
E isso parece pouco nobre.