Friday, August 10, 2007

Ratinho

Roc. Roc. Roc. Se a cabeça não pára, o corpo padece. Roc. Roc. Roc. O mesmo texto já dito repassa na cabeça em mil formas outras. Quem me ensinou a trabalhar a cada segundo? Roc. Roc. Roc. Um ratinho roendo meu cérebro. Comendo pelas beiradas. Não dá ponto sem nó. Vai me arrastar até de manhã. Roc. Maldito sol que nunca se pôe. Ardendo na minha testa. A fronte em fogo. Não é mais hora de febre. Roc. Roc. Roc. Três horas e seis minutos de uma manhã e eu escrevendo essa merda. Roc. Eu juro, ratinho, amanhã eu trabalho. Me deixa dormir. Lágrimas de sono nos cantos dos olhos. Os travesseiros suspiram. O sono sentado na beira da cama esperando o camundongo se mandar. Roc. Um saquinho de sonhos no colo. Roc. Roc. Roc. Roendo os cantinhos. E eu estalada. Estrelada. Estatelada. Cruelmente acordada. Banho quente e nada. Leite morno e nada. Troco as temperaturas. Nada. Com coberta dá calor. Sem coberta dá frio. Se ele não vem eu frustro. Se ele vem eu... SUSTO! Roc. Roc. Roc. Assusto! Maldito queijo suíço. Esburacada, desencaminhada. ACORDADA. Insônia mais sem poesia. Roc. Roc. Roc. Vai me roendo. Três horas e treze minutos. Se fosse treze e treze eu fazia um pedido e almoçava. Roc. Roc. Roc. Nem almoço, nem faço pedidos, nem durmo. Roc. Quando a cabeça não pára o corpo padece...

Dois Achados numa Noite Suja

E estavam eles ali. Os dois. Os inícios. Os inícios de tudo. Com a grande dúvida! Quem chegou primeiro: o ovo ou a galinha?

Uma competição.

Porque tudo se resume a isso.

Competir. Todos eles. Todos nós. Competindo. Competindo pela resposta. Pelo olhar. Pelo carinho. Pelo amor. Pelo dinheiro. Pelo primeiro lugar. O lugar único. O lugar daquele que nunca é esquecido. O lugar dos tortos. Dos cais dos portos. Dos errantes. Dos que não têm mais nada. Das namoradas.

A corrida não chegará ao fim, posto que todos chegaremos ao mesmo lugar, mas em momentos diferentes.

" Do pó viemos, ao pó voltaremos." (E nem todos somos cocaínomanos.)

Mas os tempos são tão distintos. Por isso disputamos o que aqui pode ser conquistado.

Não haverá respostas para as perguntas. Nem ninguém chegou primeiro.

E os dois achados numa noite suja (porém divertida e brilhante) seguem.

Como um ovo e uma galinha.

De mãos dadas.



Para Rodrigo.
Meu grande amor jamais correspondido! (na cama, claro).

Wednesday, August 01, 2007

O Indiferente

Acordou.
Falhando.
Um dia pouco comum, porém tantas vezes repetido.
Nos perfeitos há tantas gigantescas falhas.
Dormiu.
Falhada.
Um dia muito comum, porém tão pouco repetido.
Nos imperfeitos há tantas gigantescas falhas.
Acordou.
Falhando.
Foi acordado.
Falhando.
O telefone falhando.
A comunicação falhando.
O garçom falhando.
Se a palavra falha fosse esmiuçada teria algo a ver com incapacidade.
Ou com preguiça.
Preguiça de explicar.
Preguiça de entender.
Preguiça de continuar.
Acordou.
Falhando.
E com preguiça.
Nada de explicações nem entendimentos.
A continuidade rompida.
A falha falhando.
Não como fragilidade.
Não como tristeza.
Não como incapacidade.
Apenas preguiça.


Julho/2007.