Saturday, November 25, 2006

Irmãs

Naquela noite elas brigaram. De verdade. Uma já não podia aguentar a outra. A outra insistia em ficar. Desesperador. Continuava falando, a cabeça da uma que já não podia pensar com tanta conversa. As penas do travesseiro voavam pelo quarto. Dir-se-ia que por ali havia um galinheiro. Milhões de galinhas pulando, gritando, se debatendo umas nas outras no quarto minúsculo. O colchão soltava suas molas, pulavam enlouquecidas em todas as direções, tudo para tentar expulsar a desgraçada que não se ia. Pensou em chamar a polícia. A outra riu. Fizesse isso. Acabaria internada. Tentou se bater contra as paredes, arrancar a própria cabeça, tomar caixas de remédios, os litros de uísque. Esforço inútil no tempo. Se estapeou com a outra por horas. Vencida, chorou até ver a luz do sol. Não adiantava. Nunca. Não podia vencer a insônia.

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